Especial

Olá, Sou
José
Carlos
Companheiro / Pai / Avô / Corinthiano

70 anos bem vividos e repletos de amigos e histórias...
Algum tempo se passou e lá se vão 70 anos.
Alguém já parou para pensar no filme da sua vida ? Eu nunca, pelo menos por mais do que uns 5 minutos, porque a vida é correria, o que eu gosto muito. Porém nos últimos meses tenho pensado, pois passou muito rápido e eu cheguei a mais uma das paradas da maratona da minha vida, a mais importante, por ser a mais longínqua, para tomar uma água e seguir. No caso água e vinho.
Sempre gostei de celebrar e comemorar, cada ano de vida e cada conquista na vida. Aos 11 anos, na formatura do curso primário, descobri um traço da minha personalidade: um colega teve mais aplausos apesar de eu obter a melhor nota - 9,8. Ele tinha o charme de uma criança pequena em tamanho, comparada a mim, e talvez mais bonito. Naquele momento percebi o incômodo em não ser o primeiro em tudo, o que aprendi algum tempo depois, com a vida, que não era o mais importante, o que me deixou leve e feliz.
Ainda no curso primário descobri meu primeiro grande amor e que me acompanharia pelo resto da vida, um amigo da sala me apresentou o Corinthians, desde então eu vesti a camisa, até hoje. Naquele momento já éramos uma família de pai, mãe e 4 filhos homens, eu o mais velho. Meu pai, que chegou a SP aos 17 anos, vindo de trabalho na lavoura no sul de MG, entrou na indústria têxtil como auxiliar, semianalfabeto, e saiu 33 anos depois como Mestre de Seção.
Tive a honra de acompanhá-lo na formatura do curso primário dele, quando eu tinha 10 anos. Quando faleceu, com quase 81, ainda chamava as pessoas jovens de “fio” e “fia”, e os mais velhos de senhor e senhora.
Minha mãe estudou em colégio de freiras até aos 18, em umas férias conheceu meu pai e não voltou mais. Sempre dona de casa e com muita habilidade para conviver com 5 homens, além das tarefas domésticas, ainda assim arrumou tempo para ser professora substituta em uma escola do bairro, quando um professor faltava ela saia correndo.
Do curso ginasial duas lembranças, a primeira nota vermelha - 4,5 em Francês - e o olhar para as meninas no recreio, porém, era mais divertido jogar futebol no pátio, a tampinha era a bola e os bebedouros eram os gols.
Para entrar no curso colegial (até aqui todas escolas públicas) havia uma prova, passei em quinto lugar, já não fiquei chateado por não ter sido o primeiro. Aprendi muito com vários professores mas foi o Silveira, de Química, que sugeriu eu fazer Administração na faculdade. Até hoje essa habilidade permanece.
Chegou o primeiro emprego, em seguradora, meu tio e padrinho Carlinhos me levou para lá e seria o segundo pai por alguns anos. Eu tinha que fumar escondido, dirigi o seu carro desde os 16, sem carta, sem contar que ele foi o patrocinador da minha primeira viagem de avião, na ponte aérea.
A faculdade, aos 18, foi minha primeira escola particular, porém a empresa me pagava. Por sempre ser “organizador” eu era o coordenador dos grupos de trabalho, apesar de ser o mais jovem.
Conheci minha primeira esposa – Lúcia de Fátima – no grupo de jovens da paróquia. Sempre fui ativo na igreja, ficamos 23 anos juntos sendo 17 de casados, até ela terminar sua missão por aqui, em 1995. Juliana e Cecília tinham 16 e 14 à época, 3 “jovens” em casa enfrentando os novos desafios. Graças a Deus, a vida, a família e os amigos foram generosos e seguimos muito felizes, e com inúmeras conquistas. Lúcia era nascida em Leiria – Portugal, nosso segundo país, onde minha filha Cecília vive há mais de 5 anos. A vida seguiu, tive um relacionamento de 3 anos com Karla, mãe da minha terceira filha, Clarissa, uma menina que virou mulher e aos 27 já tem cargo de liderança no trabalho, e marido. Ju e Ciça são casadas, realizadas profissionalmente e muito felizes. Ju é a mãe das minhas netas, Luiza com 14 e Beatriz com 9, que completam as 5 lindas mulheres da família JC.
O terceiro relacionamento tem uma história romântica pitoresca, Milena e eu estamos juntos há mais de 20 anos - primeiro namoro, noivado, casamento e namoro atual, prova que o amor é o sentimento mais importante da vida e supera nossas manias de humanos. Aos 15 fui trabalhar em uma seguradora, aos 32 mudei de seguradora e aos 57 tive uma pausa de 6 meses, ao todo 42 anos de mundo corporativo.
Aos quase 58 iniciei uma consultoria, seguida de outra que algum tempo depois virou uma corretora de seguros. Hoje tenho muito orgulho de pertencer ao mundo do seguro há 54 anos, onde fiz inúmeros amigos e construí meu patrimônio. Tenho um grande prazer de dividir meu conhecimento com os mais jovens e continuar aprendendo.
​Se eu pudesse dar um conselho eu diria o seguinte:
vá atrás dos seus sonhos e não desista jamais, se algo der errado, tente outra vez (aquela música do Raul Seixas que me inspirou há muito tempo). E não pense pequeno, pense grande, porém faça sua parte, não meça esforços. Não dá para citar aqui todas as inúmeras pessoas importantes que fizeram e fazem parte da minha vida, além da família, claro, mas gostaria que todas soubessem que estão no meu pensamento e orações, e elas sabem disso, amo vocês.
Vamos para mais uma etapa, agradeço a Deus por TUDO, e peço a ELE que dê saúde e energia para alçar novos desafios e comemorar novas conquistas. Espero voltar aqui aos 80, para contar um pouquinho do que vou viver nos próximos 10, com certeza ao seu lado, que teve a paciência e generosidade de ler essas palavras.
Que venha mais um capítulo!!
JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA – DEZEMBRO 2025
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